quinta-feira, 19 de março de 2009

Consulta pública sobre o Curso Superior de Jornalismo - a minha vez


Eu já enviei minha participação ao e-mail que o MEC colocou à disposição da população - até o dia 30 de março, para opinar sobre perfil e as habilidades que um jornalista deve ter para rever a grade do Curso Superior de Jornalismo. E você?

Pode não dar em nada, mas, pelo menos, a consciência do dever cumprido estará em paz. Pura sobrevivência profissional, porque eu não fiz Jornalismo por "falta de opção" - eu fiz oito meses de Química na Federal do Rio e larguei por opção ao Jornalismo e não quero ver esse diploma ir para o ralo - por mais problemas que possamos enfrentar. As tecnologias - que venham - a gente aprende - mas perder o diploma por falta de mobilização INDIVIDUAL, de cada um, não. Por isso também o blog.

Segue minha opinião – aberta a críticas, elogios, mas, sobretudo, para mostrar que eu divulgo, até cobro, mas eu também me exponho. Podemos ter jornalistas-cidadãos atuando lado a lado, como nossas avós podem continuar receitando chá de boldo para dor de fígado de vez em quando - e isso não acabará com médicos - o buraco é bem mais em outro lugar.

Pode até ser que este esforço seja em vão e voltemos a ter o Pasquim renascendo das cinzas - quem sabe - fazendo renascer a imprensa independente, já que cada vez mais temos a impressão de ler a mesma coisa em todos os lugares?

O e-mail é uma ação individual. Acredito na mudança que as novas tecnologias estão trazendo, sim. Por isso este esforço. Poliana? Voltaire? Se o ser humano não tivesse a esperança de um mundo melhor, não faria filhos nem investiria em situações de crise para encontrar soluções. Então, aqui vai, de novo – e não pela última vez: consulta.jornalismo@mec.gov.br

Num país que ainda tem graves deficiências educacionais, somente jornalistas com formação superior podem ter condições de exercer a profissão com base intelectual necessária mediar seus cidadãos e fazer os corretos questionamentos, com pluralidade e ética, entregando matérias com qualidade e o mínimo de isenção que se pretende numa sociedade que se apresenta como moderna e democrática.

É na Faculdade que se aprende um universo de conhecimentos que vai além de simples técnicas de escrever bem. Aprende-se a Antropologia, Sociologia, Psicologia da Comunicação, Semiótica, cadeiras generalistas e específicas da área – e aprende-se, sobretudo a pensar e a discutir os vários aspectos da Ética – ao longo da História da Humanidade – por meio da Pesquisa Acadêmica e sob a ótica de grandes pensadores da História.

Como médicos, engenheiros, arquitetos, advogados e tantos outros profissionais, que, para exercerem suas atividades precisam do conhecimento acadêmico, os jornalistas também necessitam desta experiência. Assim é como penso que deva ser o Jornalismo - no mundo e no Brasil, e, no caso do Brasil, inclusive, para ajudar, com seu trabalho, a diminuir o índice de analfabetismo, entre outros absurdos vigentes em pleno século XXI.

Perfil
O perfil do jornalista deve contemplar a curiosidade como fonte do saber, um caráter questionador não apenas para argumentar, mas, sobretudo, para encontrar todas as respostas cabíveis a uma situação que lhe será cobrada numa história a mais completa possível, abrangente em termos de fontes, sem a menor chance de erros ou brechas que permitam deslizes de qualquer espécie.

Um jornalista também deve ser um leitor voraz, e não apenas de um só tipo de mídia. Generalista, deve ser capaz de saber discorrer minimamente sobre vários assuntos. Mais do que isso, à medida que vai se especializando, deve se tornar capaz de absorver as várias leituras (ou entendimentos) sob um mesmo assunto, podendo avaliar as suas diferenças semânticas, retóricas e políticas.

Idem no que concerne aos tipos de tecnologia ao seu dispor, o jornalista deve se aperfeiçoar sempre, buscando interagir com as novidades. Se a Universidade não tem como dispor, dentro dela, de aparatos que permitem acompanhar essa evolução, deve ter no estágio este acompanhamento monitorado, permitindo a integração entre o campus – local de absorção acadêmica e de pesquisa, e a prática exercida dentro das Redações e outras esferas de atuação jornalística.

Falar línguas deve ser uma prerrogativa de todo o profissional, não importa de que área seja. Se o português deve ser mister para este profissional, o Inglês deve ser a segunda língua do jornalista mundial e, no caso do jornalista brasileiro, dentro do contexto que o País exerce no continente sul-americano, eu indicaria o Espanhol como sendo uma terceira língua necessária dentro da formação do jornalista pluralista em sua formação.

Para se falar em Formação Superior, além das cadeiras de Antropologia, Sociologia, Psicologia da Comunicação, Ética e as de técnica jornalística, todas consagradas de nossos cursos, eu incluiria ainda as mídias sociais e sua evolução, alguma cadeira advocatícia que possa tornar claro ao jornalista seu papel social e a responsabilidade que irá exercer lá fora ao escrever suas matérias, ao como desempenhar este papel em prol de uma sociedade democrática que irá cobrar por esta mediação a ele concedida e, por fim, cadeiras de empreendedorismo, vendas, como montar e manter um negócio. Afinal, como atualmente já se pratica o “Pjotismo”, eu acredito que devamos aproveitar esse estrabismo trabalhista criado pelo empresariado, seja dos meios de comunicação ou das empresas de Comunicação Empresarial, para ensinar os jornalistas a serem mais bem preparados neste segmento também. Quem sabe eles sejam empreendedores de si próprios, assumindo para si sua primeira e mais importante tarefa – de exercer sua atividade de trabalho como própria e independente - realmente? Vany Laubé, Jornalista - MTb - 15.594/RJ

Um comentário:

Anônimo disse...

Vany, concordo com você. Acredito que é necessário sim defender o diploma e fazer juz aos anos de investimento dentro de uma academia, aprendendo códigos de ética, imparcialidade e técnicas de como expor temas para reflexão e conscientização socio-cultural.
Afinal, há uma grande diferença entre "opinar" e "informar com critério, checagem das informações, além do comprometimento com o código de ética".