segunda-feira, 2 de março de 2009

A Federação Internacional dos Jornalistas e o jornalismo colaborativo


Quando Jim Boumelha, presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), esteve no Brasil para um congresso do setor no ano passado, falamos sobre um tema bastante debatido em praticamente todas as recentes palestras: como o jornalismo está encarando o presente e quais são as tendências para a profissão diante de tantas mudanças geradas com a chamada socialcast.

Segundo Boumelha, os caminhos do jornalismo estão sendo discutidos da Europa aos Estados Unidos, especialmente onde a profissão é mais popularizada em função da maior liberdade de imprensa. Em todos os lugares, o jornalismo colaborativo avança a cada dia.

Mesmo com as inúmeras pesquisas realizadas pela FIJ ainda não é possível prever todas as mudanças que as convergências vão demandar. Mas é certo que com o mundo mais organizado e globalizado, novas oportunidades abrirão e serão ainda acompanhadas de uma crescente diminuição de custos. Já não são novidades os profissionais “multitarefas”, que apuram, fotografam, editam e colocam no ar suas próprias matérias, tirando espaço de fotógrafos e revisores nos veículos de comunicação.

Para ilustrar, as pesquisas da Federação mostram que as novas modificações já vitimaram 2/3 da cobertura internacional dos noticiários americanos, sendo que alguns já cortaram ainda 60% de material nacional. Nos jornais diários, os cortes informativos chegam a 85%.

Diante dessa perspectiva, não são apenas os funcionários que estão diminuindo, há também uma diminuição em números de páginas e anúncios publicitários, levando a um baixo retorno de investimento.

Enquanto isso, na Europa...


Em Manchester, Reino Unido, mais da metade dos trabalhadores cumprem uma carga horária acima do normal. O aumento da informatização gerou uma mudança de status do funcionário, que passou a ser freelance forçado. A terceirização de redatores, assim como dos relatórios de dados financeiros, web-design e manutenção também tornou-se comum frente à modernização da mídia tradicional.
Bourmelha explica que a FIJ, com sede em mais de 100 países, tem como missão mobilizar os sindicatos por uma mídia de qualidade. “Procuramos pressionar as empresas para investir mais na profissão – com campanhas para reforçar a pluralidade. Nós sabemos que as campanhas podem ajudar em lobby ativo para incluir outras fontes”, explica.

Para ele, é necessária uma regulamentação para todos em qualquer nível de emprego e os sindicatos devem ter o interesse na reversão desta queda, pressionando empresas a investir para que profissionais se adaptem às novas realidades. Mas, no que ele aposta mesmo são nas campanhas de formação de alianças para a regulamentação das várias vertentes da profissão, incluindo aumento de salários e melhoria nas condições de trabalho. “As linhas de guerra estão claras, sabemos quem são os inimigos e as demais forças envolvidas. Para Boumelha, não existe a certeza de qual será o resultado de todo esse empenho. Ainda assim, é fato. Para se moldar o futuro do jornalismo, é necessário o engajamento de todos, sem exceção. (Colaborou Liliane Rodrigues - Foto de Nivaldo Honório da Silva)

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