quinta-feira, 4 de março de 2010

Havaianas: a sandália chegou, porque as midias sociais funcionam, sim.

A resposta final ainda vamos esperar. Promessa da Carla

Estive o dia todo praticamente fora, mas ansiosa sobre o que eventualmente poderia encontrar ao retornar ao meu QG. Cheguei antes, é verdade. Mas, não demorou muito e um motoqueiro foi o entregador do que a imagem revela.



Junto com ele, um bilhete, de próprio punho, papel de carta pessoal, assinado pela diretora de Sandálias da Alpargatas, Carla Schmitzberger, #comomandaofigurino. Não vou expor seu bilhete, seria falta de cortesia, mas o resumo é o de que ela se compromete a averiguar tudo o que não funcionou corretamente em seu "processo interno" e que me dará "um retorno a posteriori".

Isso reflete objetivamente:

1) Que ela leu o post;

2) Entendeu a mensagem;

3) Fez o dever de casa que lhe cabia.

A mim, agora, cabe, por ora, finalizar o assunto, agradecer e esperar sua resposta, porque:

1) Recebi o que devia - um par de havaianas igual ao que quebrou;

2) Recebi até mais.A foto acima prova. Além do par igual ao da tira que quebrou, Carla fez a gentileza de me enviar um na cor que eu queria adquirir e não encontrei, além de uma bolsa para acondicioná-las. Por isso, uso este espaço para agradecer-lhe, o que também farei por Facebook, a outra mídia social usada para fazer contato - e a que gerou o retorno.

3) Esperar, sim - porque, como disse, como consumidora do ponto de vista imediato, consegui resolver meu lado de receber meu produto dentro do tempo de garantia de fábrica, direito garantido pela própria marca.

Mas quero, sobretudo, poder continuar sendo uma fiel consumidora #havaianas; não somente por acreditar que a Carla terá, a partir deste episódio, como escarafunchar e fazer acontecer dentro da empresa, de forma a que os canais internos funcionem e atendam bem aos consumidores, como a fabricação seja 250% de qualidade AAA para todos os nichos atendidos pela empresa. Não terá sido porque recebi dois pares de #havaianas e uma bolsa, que eu terei esquecido este caso. Minha irmã escreveu, meus amigos me conhecem e meus clientes e ex-clientes também para que eu não precise entrar em detalhes sobre minhas crenças acerca das defesas que fiz aqui e que defendo ao assumir um job ou conta

Eu vou esperar, Carla, e vou cobrar. Aliás eu e todo mundo que leu este blog, o Twitter, o Linked In e o Facebook pelos últimos dois dias. Porque muitos de nós - como brasileiros - não compramos no concorrente - somos fiéis à marca há anos - seja dos modelos monocores, seja dos modelos cheios de bossa, exportáveis. Nem precisamos ir longe - coincidência ter chegado a mim hoje a edição de número 11 da revista living Alone. Na capa? O ator Marcelo Novaes, que, ao revelar seu lado lar-doce-lar, está usando camiseta, calça xadrez e... um modelito monocor azul do que? das #havaianas, do que mais? Por estas e outras... vamos todos, esperar!

quarta-feira, 3 de março de 2010

HAVAIANAS: Elas soltam as tiras, sim



E, como twittou a colega Cora Ronai, ontem, quando eu lhe contei do "causo" todo, que segue, em detalhes... (mas clique no twitter aí da Cora antes!).

Foi esta a sensação mesmo que senti, quando a tira vertical de uma das minhas sandálias “fashion” adquiridas ao módico valor de R$ 12,90, simplesmente espatifou-se, quebrou, mantendo, na base, o circulozinho que a mantinha presa a ela. O tal par foi comprado numa promoção que, soube por uma vendedora de loja do Shopping Morumbi, era exclusiva da marca com o supermercado Extra, localizado quase ao lado do meu enorme e funcional apartamento de 57m2, na nobre região do Panamby, em São Paulo.

Como pode? Afinal, ao longo de gerações (são pelo menos três, se considerarmos que tenho 46 anos exatos), ouvimos Chico Anísio defender alto e bom som, que elas “não deformam, não cheiram, não soltam as tiras”, não nada? Sim, o mundo havia acabado. Especialmente porque este parzinho, que eu só comprei porque custava menos de R$ 20, eu estava usando havia menos de dois meses. DOIS MESES, enquanto meu outro, um lilás simples, sem florzinha, sem nada, eu tenho há mais de anos. E este está até roto, com a borracha já começando a ficar fina.

Pra bater

Comprar um par de havaianas baratinho é uma condição sine qua non para quem é da minha geração, que cresceu com #havaianas – e não por decisão classista, não. Sua mãe, a minha, a nossa, a vossa, a deles, você e eu sempre “soubemos, todos” que “dura para sempre”, que elas são prá bater, mesmo (no bom sentido, é claro!). Então, por que pagar mais se podemos pagar um preço justo, mesmo por uma mais bonitinha? (Isso não é comercial das #CasasBahia, mas é o que as #havaianas parecem querer, não eu.)

A história em detalhes:

Comprei meu par #havaianas no Extra quando saiu a promoção. Ele – que ninguém sabe ainda se seu nome é Jardins (eu fui me informar, porque tentei comprá-lo três vezes até conseguir, e mesmo assim, a douradinha sumia das prateleiras sempre, não teve jeito, só consegui mesmo a prateada!) veio num encarte do supermercado que recebo em casa.

Como sou da geração #babyboomers, aquela que não quer pagar R$ 50 por uma bonitinha, cheguei a devolver uma que minha irmã quis me dar de Natal, da Daslu. Simplesmente não aceitei e ainda salpiquei-lhe um sermão. “Onde já se viu, pagar Daslu numa #havaianas?” Então, só comprei uma bonitinha, quando seu preço chegou nos... bem, você já sabe. “Taí, este valor, eu PAGO”! Mas, quebrar em dois meses de uso?! Imagina a minha cara de #failtotal?

Quebra de confiança numa marca = instituição nacional

Não vou dizer que o sentimento tenha sido similar ao de quando perdi meu Twinguinho #tudodebom, #megafashion, nas águas de Sampa, em 2006. O sentimento de impotência diante de uma tragédia como aquela é realmente de doer na alma. Mas, guardadas as devidas proporções, foi uma quebra de paradigma de qualidade da marca. De toda a confiança numa quase instituição nacional, que foi assim, em dois meses, depois de anos, décadas, depois de gerações, para o escambau, ralo, para a lama!

Logo as #havaianas, que se recriaram, foram "Case de Marketing", ganharam o mundo etc. e tal. Acabou, morreu, virou pó – e nem era de #pirlimpimpim, porque este costuma trazer a fada madrinha com sonhos coloridos. Era pó de borracha velha, química estragada, usada para fazer sandália de categoria inferior para ser vendida em supermercado – e olha que o Extra é a segunda bandeira do Pão de Açúcar – que tem outras marcas também.

By the book

Antes de começar a reclamar no Twitter, eu tentei tudo corretamente – eu sempre tento. Sou consumidora consciente e, além disso, como jornalista PR por anos, eu me fiz em Gerenciamento de Crise.

Peço desculpas se leio arrogante, o que não sou em CNTPs (As famigeradas condições normais de temperatura e pressão - das aulas de Química, lembram-se?). Meus amigos e familiares me conhecem – mas eu sei o que é lidar com isso.

Os problemas da comunicação da marca #havaianas com seus consumidores são um case de mídiassociais fantástico.

1. Vou logo isentando o pobre coitado de quem fez o hotsite deles, porque sei que, no final, o cliente é quem manda e o que o primeiro entrega, nem sempre foi o que vendeu – mas isso é assunto para outro post – vamos nos problemas de comunicação com os consumidores.

2. O telefone do hotsite, mesmo errado, continuava lá. Nem vou dar-me ao trabalho de correr atrás do link, porque pode estar fora do ar a esta altura. Sou rata de Google antes mesmo dele existir. Estou na "rede" desde 1995, fiz curso de HTML e Internet no Alternex, e a assinatura do Carlos Nepomuceno num certificado da ONG do Betinho, este mesmo, o irmão do Henfil, está lá e não nega.

Fui a uma loja, pessoalmente, quando consegui detalhes importantes:

• Um número de telefone correto,
• Saber que o tal modelito só foi para o Extra, mesmo, nunca foi para a loja
• Mesmo que o supermercado não trocasse a peça, a garantia de fábrica é de três meses.

Ainda em meu dever de casa,

Achei @havaianomaniaco, crente que se tratava do canal deles, mas não é, porque me passou o mesmo telefone do hot site e acabou recebendo de mim a informação correta sobre o telefone de contato das #havaianas que ele bloga, twitta e ganha dinheiro com isso.
Como as #havaianas não tem site, nem twitter, fui ao da Alpargatas, a marca mãe. De lá, via webmail, contei minha triste história. A resposta chegou atrasada, apenas depois que eu liguei – e ainda numa direção 180º oposta ao que me disseram ao telefone – o que, eu, inclusive, respondi a eles, aguardando retorno. Enquanto a moça do telefone me informara não ser necessária foto ou levar a sandália para análise, no e-mail me disseram exatamente o CONTRÁRIO. #Fail total!

Bem, para encurtar: esta semana faz 30 dias que o contato foi feito e... Silêncio total... nem contato, nem o “refund”, nem sandália.

No último fim de semana, vi que o Extra voltou a vender o modelito mais barato, e provavelmente mais ordinário (sim, claro, alguma outra explicação?). Percebi que ninguém mais me telefonou ou mandou entregar um par novo para mim. Se o mês vira, vão dizer que acabou a garantia. Mas, e “kiko”, se eu fiz contato antes do fim do prazo? E tudo isso eu escrevi também para os representantes das #havaianas.

Voltei para a Internet. Ahá... Estava lá, no Facebook, o nome da Diretora de Sandálias da marca Alpargatas. Mandei-lhe como convite para integrar sua rede uma mensagem com a foto da sandália quebrada. Não adiantou nada. Não respondeu, não mandou ligarem, não mandou e-mail, NADA.

Neste último dia 1º de março, li matéria do Gentili sobre a NET, que graças a um tweet seu, conseguiu viralizar a coisa a tal ordem, que teve seu problema resolvido. Eu, ainda assim, aguardei. Não queria expor as coisas a este grau. Mas, o tempo passou, nenhuma resposta, de novo, e eis que ontem, dia 2 de março, a jornalista Cora Ronai twittou sobre problema com outra empresa. Foi quando lhe enviei um tweet e ela me respondeu o que vocês acabam de ler.

Sou da paz, mas quando a pá vira, eu sou da briga, sim. E que fique claro que, além de um par de sandálias bonitinho, quero que ele não seja ordinário. Não se trata de capricho por R$ 12,90, mas de consciência, de cidadania, de saber valorizar o seu dinheiro. Não quero que quebre mais, quero que a empresa use a borracha classe AAA, a mesma usada para exportação ou para as sandálias da DASLU, para os modelitos de R$ 12,90. Só porque é coleção exclusiva para supermercado? E quem disse que classe formadora de opinião não compra lá?

Agora são mais de 18h, do dia 3 de março. Até agora, nem e-mail, nem telefonema. A única coisa que eu ouvi é que as #havaianas contrataram agência de #mídiassociais para avaliar estrago e estabelecer estratégia de ação. Mas, isso, eu soube na hora do almoço. E, até agora, final do dia, deu mais que tempo de eu esperar, falar com mais gente, mandar últimas mensagens no Facebook e conversar com uma turma por telefone (até fora do Brasil!). Tempo de eu escrever este post e até revisá-lo - e ainda assim, ele sai com erros que me fazem voltar a ele de vez em quando.

Tempo de eu perceber que, ao ser colocado no ar, deve ainda gerar mais resultados negativos – porque não se tratam de R$ 12,90, mas de uma discussão de proposta de valor, de valor agregado, de estratégias de Marketing, de Atendimento – furado – ao cliente, de canais de vendas furados, de tudo o que envolve a marca.

Está tudo errado e eu não quero mais papo

O que eu quero um é um par de sandálias #havaianas que “não deformam, não soltam, nem quebram as tiras, pelos próximos 4, 5 anos, e que sejam bonitas. Agora, não quero mais atender as #havaianas, nem falar com representante das #havaianas, porque já gastei tempo demais escrevendo.

Quero meu dinheiro valorizado. Não é proposta de valor que eles agregaram ao produto? Que me entreguem isso. Eu paguei por isso. Se foram R$ 12,90 ou R$ 150,00, não me importa – está estampado – #havaianas.

Recado final, que nem precisava, mas que vale como tiro de misericórdia emocional, especialmente porque as #havaianas cresceram porque muitas mulheres investem nelas a cada dia, inovando com suas idéias e criatividade:

“Minha mãe trabalhou no Laboratório de Química da Alpargatas, ainda na década de 50, quando sequer era casada ou eu nascida. Enquanto muitas mulheres ficavam em casa, ela estava lá, dando duro e prezando por Qualidade (uppercase!). Graças a Deus, ela está em outra dimensão e não aqui para ver a empresa da qual ela falava tão bem estar agora com sua marca na lama.

Mas, que fique claro, a marca não está na lama porque sua filha a jogou. Eu, que sempre fui #havaianas, defendi-a, "exportei-a", até.

A marca, que um dia foi case de Marketing, agora está indo para a lama provavelmente pelos descendentes das pessoas às quais ela, minha mãe, serviu. Para ela, como para a Cora Ronai e para mim, o mundo teria caído se ela estivesse aqui.” É isso! #prontofalei

Vany Laubé é jornalista, blogueira, twitteira, eterna aprendiz das mídias sociais e professora via podcast para a Rádio Mega Brasil online, entre várias outras atividades, além de empresária. Em Maio, agora, vai ministrar o Workshop O Uso Corporativo do Twitter, Orkut, Facebook, Youtube e outras ferramentas digitais. Inscrições aqui: (Foto: Vany Laubé)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Web Expo Forum: Marcelo Negrini diz que novo buzz tecnológico vai durar 10 anos e será capitaneado pelos meios móveis



Negrini ainda prevê um futuro ruim para a grande imprensa, bom para veículos especializados e, para os jornalistas, graças ao Content Strategy, a previsão é de mudança de foco!

Um dos destaques da 4ª Edição do Web Expo Forum, promovida pela Converge Comunicações de 17 a 19 de março, em São Paulo, é o diretor de Marketing da LabOne, Marcelo Negrini. Figura constante na grade de palestrantes do evento, pela 3ª vez ele vai estar à frente de uma plateia para abordar as tendências em tecnologia de mídias sociais. Na 4ª. feira, dia 18, de 14h às 15h, no Workshop Web Business, ele vai abordar o Content Strategy, tema que escolheu por acreditar estar de acordo tanto ao momento atual do mercado quanto ao seu, profissional.

Em entrevista exclusiva a este blog, ele fez afirmações otimistas ao dizer que não falta demanda de mercado para as mídias sociais, “nem de empresas inovadoras, que abraçam novidades tecnológicas antes de todo mundo, nem de empresas retardatárias, que adotam as tecnologias depois que elas ficam provadas”. E foi além: “Em breve vamos ter outro boom tecnológico, puxado pela Web móvel.” Para Negrini, este novo boom será “maior que a bolha do fim dos anos 90” e mais permanente, porque, ao contrário da bolha da Internet, esta, que envolverá os celulares, deverá “levar conteúdo e relacionamento das empresas para esse novo meio vai render mais de 10 anos de expansão no mercado de tecnologia”.

Porque o Content Strategy

Até chegar a este veredicto, Marcelo Negrini fez um wrap-up do mercado:

• 2008:
* Momento de construção de redes sociais para as empresas criarem relacionamento mais próximo com seus clientes.
• 2009:
* Já no mercado, via mídias sociais, as empresas precisavam monitorar o que era dito a seu respeito em ferramentas sociais abertas, como Twitter, Orkut, Facebook e blogs.
* As ferramentas já estavam sendo entendidas e trabalhadas como mídias importantes, ajudando a vender produtos e criar relacionamentos duradouros com as marcas.
• 2010:
* Os consumidores estão exigindo mais das empresas e marcas.
* Não basta estar presente na Web ou em mídias sociais; é preciso oferecer conteúdo original, rico, e em sintonia com os valores de cada marca e com os estilos de vida associados aos produtos e serviços.
* Cada empresa vai precisar publicar muito texto, imagens, vídeos e áudios, com alta qualidade, mais ou menos como os grandes portais Internet o fazem.
* Passada a fase do pioneirismo, todas as empresas vão precisar de uma estratégia de publicação de conteúdo, até para gerar as discussões corretas nas mídias sociais.

Conteúdo das mídias sociais x Content Strategy

O convidado do Web Expo Forum da LabOne acredita que o tema Content Strategy ainda é tão novo que “não chegou no ponto de ter aventureiros e pessoas falando bobagens – como no caso das mídias sociais. Ele vê o tema como mais complexo e com operações ricas em conteúdos e muito mais caras que ações simples em mídias sociais.

“O desafio hoje é fazer com que as pessoas, principalmente os responsáveis por marketing nas empresas, entendam que isso é uma necessidade, e não uma opção”, disse. E defende a participação estrangeira no mercado, como também a exportação do trabalho brasileiro.

“Apesar de o mercado no exterior estar mais maduro, não existe um gap tão visível nem entre clientes locais e multinacionais, nem entre agências locais e multinacionais”, explica, citando: “A Garage, brasileira, está fazendo um trabalho fantástico com Skol Beats, da AMBEV, multinacional brasileira. Já, a AgênciaClick, hoje ta,bém multinacional (Isobar) mas com DNA totalmente nacional, está fazendo o portal da Sadia, brasileira. E tem a Wunderman, multinacional, fazendo os sites da Nokia, também multi. Hoje, a separação é entre empresa/agências que têm estratégias para conteúdo e mídias sociais, e empresas/agências que ainda estão na era do hotsite e da “ação farofa” em mídias sociais”, polemiza.

E a imprensa?

Apesar de não ser tema do encontro, mas do blog, resolvi levá-lo para o mercado jornalístico, ao perguntar para o Negrini como ele entendia sua incapacidade de encontrar um modelo de negócios, o futuro, enfim, sua visão para nossa área.

“Minha visão sobre isso é que a crise jornalística tem muito pouco a ver com tecnologia, e sim com um processo começado pelos próprios veículos, no qual eles se tornaram por conta própria irrelevantes. São poucos os veículos que fazem apurações fidedignas dentro de matérias, que são fundamentais, mas perdem o valor dentro de um modelo editorial cada vez mais sensacionalista e com cara de “infotenimento”. Os bons jornalistas continuam heróicos nos grandes veículos, e praticando sua profissão corretamente. Mas seu trabalho fica espremido entre o ruído da cobertura de celebridades, infinitos guias de saúde e equilíbrio, guias de compras, publieditoriais de todo tipo.

O público vê o grande jornal e a grande revista semanal ficarem com a mesma cara e a mesma qualidade dos tablóides e revistas de inutilidades. Aí encontra toneladas de veículos não-tradicionais, como blogs, falando de assuntos específicos com grande qualidade. E, no caso dos grandes blogs ou veículos online, com as mesmas regras e parâmetros de qualidade do bom jornalismo. A escolha pelo online é fácil, e não é por causa da questão pago versus grátis. É pela facilidade de se chegar a conteúdos específicos rapidamente, sem ruído. O blog especializado está a um clique do Google. O mesmo assunto, se aparecer no jornal ou revista, é uma notinha que desaparece ao lado da cobertura dos “reality shows”.

A crise da imprensa não é generalizada. Ela está atingindo os veículos de interesse geral, especialmente os grandes jornais. As revistas de interesse geral vão em breve entrar na mesma crise. Mas as revistas especializadas, dirigidas a nichos e com melhor qualidade, estão indo muito bem. E a grande maioria dos veículos de economia também vai muito bem. O segredo? Esses veículos não diluíram seu conteúdo, nem procuraram o mínimo denominador comum como os grandes veículos. O grande problema é que essa onda de empresas publicando conteúdos vai bater de frente com essa imprensa “saudável”: bancos vão competir com as revistas de economia, fabricantes de calçados esportivos vão competir com revistas de fitness, cervejarias vão competir com guias de entretenimento.

Eu acho que o futuro vai ser péssimo para os veículos, mas não necessariamente para os jornalistas. Vai haver uma demanda crescente pelas empresas por conteúdo de qualidade, e jornalistas têm a formação correta para fornecê-lo. Pode ser que o futuro emprego de muitos jornalistas seja numa agência de publicidade ou em uma produtora de conteúdo especializado. Foto: Izilda França