domingo, 14 de agosto de 2011

Aquele cabelinho, hein?


Imagem: http://bit.ly/qntGmN
Será que acontece com outras pessoas? Vez em quando perco um fio de cabelo, e ele se enrosca bem na alça do sutiã, lá no meio das costas, numa região em que, para arrancar, só mesmo fazendo curso completo de contorcionismo para integrar Cirque de Soleil. Natural, portanto, ter a percepção de que o que  me coça e traz demasiado desconforto deve ser um suplício de proporções semelhantes a qualquer ser humanamente normal.  Ledo engano.

Era 1995 ou 1996; sabe aquela consultoria internacional para o cliente de salvatagem do navio encalhado em São Francisco do Sul – onde também deixei meu coração? Lembro-me como se fosse ontem a ida ao escritório central do cliente no Brasil, Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro. 

A diretora, muito simpática, recebeu-me britanicamente, talvez resultado do próprio estilo do ambiente de trabalho. Quando estava para sair, também muito educada, acompanhou-me ao elevador. De camiseta regata – estávamos em pleno verão – aliás, quando não é verão no Rio de Janeiro? – braços de fora, falava de efemérides... Pouco acima da altura de seu colo direito estava lá, um "cabelinho enorme", preto. Deveria causar-lhe o maior desconforto. Conversa vai , conversa vem, ia ficando cada vez mais incomodada com a situação.

O andar era alto; edifício antigo. Elevador demorando uns 250 anos para chegar e a gente naquele papo mole de quem já se despediu mil vezes e não tinha mais o que dizer. Não deu outra. Era demais pra mim.

“ Com licença”, disse, indo direto com minha mãozinha retirar o tal cabelinho que “deve estar te incomodando demais, deixa eu te livrar deste pesadelo”.  Puxei.  Tava preso.   


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